Passadas mais umas eleições autárquicas, volto aqui para analisar os resultados em Castro Daire. Como era espectável e como fiz questão de alertar dentro do PS, orgãos onde voltei após a derrota de 2017, e onde, muitas vezes isoladamente, me opus à recandidatura do Carneiro e sem mudança de opiniao... , o Fernando Carneiro perdeu, perdeu mais uma vez e levou o PS Castro Daire ao pior resultado neste seculo XXI.
Fernando Carneiro e o presidente da concelhia do PS, Horácio Ribeiro, criaram durante todo o processo Autárquicas 2021 o caldo de cultura politica necessário para que o PS Castro Daire fosse arrasado em quase todo o concelho. Salvaram-se as raras e honrosas excepções das vitórias em duas freguesias historicamente e socialmente mais Socialistas, Cabril e a União de freguesias de Parada e Ester , e a surprendente vitória em Cujó.
O PS, Fernando Carneiro e o Horácio Ribeiro colecionaram, e da respnsabilidade delas não podem fugir, muitas derrotas. Desde o péssimo resultado quer para a Camara quer para a assembleia municipal, abaixo dos 30% e perdendo cerca de 2000 votos, perdendo um vereador, caindo para um humilhante 5-2, até à perda de 6 juntas de freguesia, quase todas perdidas para um PSD concorrendo com os antigos candidatos e presidentes do PS.
Ora, tudo isto deve merecer uma grande reflexão no PS, nos militantes de Castro Daire e ainda na sempre alheada comissão politica distrital de Viseu.
Em 2017 apresentei em https://pfigueiredo.blogspot.com/.../a-derrota-do... quatro grandes causas para derrota do Carneiro e do PS Castro Daire, sendo elas a personalidade do Carneiro e a sua relação com quem se lhe permitia opor, militantes socialistas ou não, as políticas durante os mandatos no poder e a campanha eleitoral direcionadas fortemente para o eleitorado sénior, a estratégia e a comunicação de campanha e a criacção de expectativas elevadas de obras, empregos e outros facilitismos no elitorado, tendo-as defraudado.
Agora em 2021, teremos de juntar a estas causas, que não foram corrigidas e até se acenturam, as novas causas que provavelmente justificam o avolumar da derrota. São elas essencialmente quatro.
A primeira grande causa foi a forma como se prepararam estas eleiçoes e a forma como decorreu e foi conduzido todo o processo no último ano e meio. O processo interno para preparar estas autárquicas começou, e bem, cedo, onde desde o inicio o presidente da concelhia, Horácio Ribeiro, manifestou a sua vontade de liderar e de se candidatar a presidente da câmara, tendo afincadamente confrontado o Fernando Carneiro e afirmando-se como alguém que se que lhe opuria e que queria cortar com o passado, que em votação interna levou à sua escolha, por DUAS vezes, pelos militantes socialistas.
Intempestivamente, e já depois da divulgação publica desta decisão interna e passado poucos dias após ter ganho desiste, para secundar uma candidatura liderada por quem havia combatido de forma veemente e irredutível. Cedeu à chantagem por parte do outro candidato em se apresentar por outro partido ou de forma independente. É evidente que num processo de chantagem política tem menos caracter quem a faz, mas também não pode ficar isento de responsabilidades quem depois de tudo fazer para se lhe opor desiste e apoia quem combatia anteriormente, deixando morrer na praia todos os que até então haviam combatido nas suas fileiras.
Outra coisa bem diferente teria sido desistir sem o secundar, estando hoje do lado daqueles que pedem responsabilidades aos que levaram o PS à derrota.
Durante o processo que antecedeu as eleições depois do Fernando Carneiro ter assumido a candidatura, e do Horácio Ribeiro ter capitulado e secundado o Fernando Carneiro, os orgãos do PS nunca mais funcionaram, passámos de reuniões bi-semanais para nunca mais reunir. As listas nunca foram aprovadas pelos orgãos internos com essa competência e responsabilidade. E todo o processo de constituição de listas, a campanha eleitoral, e a gestão do partido passou a ser dirigido por um mini diretório, constituído apenas por Fernando Carneiro, Horácio Ribeiro e uma consultora extrerna.
Muitos foram os erros de cometidos, desde a constituição das listas, publicações com erros básicos de escrita e de contexto, publicações e críticas nas redes sociais ao PSD sem sentido para quem estivesse minimamente atento ao concelho, ou fosse consultar o histórico de publicações e que propocinou ganhos ao adversário.
Já em plena campanha foram postas em circulação ideias ridículas e sem qualquer suporte lógico, como é maior exemplo a ideia de que o PS jamais faria alcatroamento de ruas porque o alcatrão provocaria cancro, uma ideia ridiculamente fraca que foi usada apenas para poderem criticar as obras de última hora do executivo. Obviamente que ninguém vota em alguém que diz em campanha que não irá alcatroar ruas.
A segunda foi, e está relacionada com a primeira, a fuga de Socialistas, militantes, antigos candidatos, e presidentes de junta para as listas do PSD, e mais uma vez isto levou à perda de 5 juntas de freguesia, e aconteceu devido às indecisões, voltas e reviravoltas no PS Castro Daire, mais uma vez devido ao processo paralelo de candidatura e de chatagem política levada a cabo por Fernando Carneiro, que baralhou e causou dúvidas aos anteriores presidentes, levando-os a trair o PS em troca de um porto seguro que lhes garantisse a manutenção no poder.
A terceira é a autêntica inexistência política e pública do PS enquanto oposição ao executivo PSD, durante os 4 anos do mandato o PS não existiu publicamente, pouco propôs, nada criticou a um dos piores executivos do PSD e desse pouco nada se soube públicamente.
A quarta terá sido também a inexistência de ideias novas, e o uso de ideias e promessas de intenção em áreas em que se havia falhado redundamente no passado, tais como a despoluição do rio Paiva, o saneamento básico e abastecimento de água, o turismo e as termas. Quem poderia acreditar que a mesma pessoa que nada fez perante a poluição do Paiva, desmentindo sussecivamente a sua existencia em Castro Daire, iria, nada mais nada menos, que acabar com a poluição no rio Paiva. Quem poderia acreditar na construção de saneamento básico em todo o concelho se durante 8 anos não havia sido capaz. Quem pode acreditar que se vai dignificar o acesso às aldeias do concelho se depois se diz pelo concelho que não colocarão alcatrão porque provoca cancro nas pessoas?
Após esta derrota o PS vai ter grandes dificuldades para obter melhores resultados no futuro próximo. Basta pensar que o PSD decapitou politicamente o PS em muitas das freguesias e que nessas vai ser ainda mais dificil conseguir quem queira fazer um trabalho de fundo, penoso e difícil de reconstruir o PS. No entanto é preciso aprender com esta derrota e definitivamente corrigir erros que se mantêm do passado, perceber e valorizar aquilo que correu bem, quer nestas eleições quer noutras no passado.
É preciso cimentar a posição do partido, não só nas autárquicas mas também nas outras eleições, é preciso retomar a tendência de crescimento do partido no concelho ainda antes do reinado do Carneiro. E isso consegue-se com a fidelização do eleitorado e dos autarcas do PS, com a criação de mais militantes, da recuperação da secção de Mões, e da criação de novas secções noutras freguesias.
Teria acontecido o que aconteceu em Mões se ainda houvesse uma secção do PS forte como o foi no passado?
Teria acontecido o que aconteceu em Reriz se lá tivesse sido criada uma secção do PS?
É preciso entender porquê, e aprender com os socialistas das freguesias em que se ganhou e onde historicamente se ganha. É preciso unir finalmente os Socialistas, e isso consegue-se com uma liderança coerente, tolerante, respeitadora e promotora da democracia interna.
Este executivo PSD já mostrou nestes 4 anos que não será capaz de criar o necessário para desenvolver o concelho, nem sequer para resolver os seus problemas mais prementes, e daqui por 4 anos estará ainda mais maduro e caduco.
Temos 4 anos para construir uma alternativa credível e capaz!
Eu, como não poderia de deixar de ser, cá estarei pronto, com crítica construtiva, ideias diferentes e sem submissões para contribuir para a reconstrução do Partido Socialista em Castro Daire, e por meio deste para a construção de um projeto para o desenvolvimento do concelho e para a melhoria sustentavél da qualidade de vida dos Castrenses.
19-10-2021
Pedro Figueiredo
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