O estado do PS Castro Daire é o de um partido com uma gestão
ilegal, com gente incapaz de promover o seu partido no concelho, apenas
concentrado em perpetuar o próprio reinado, e as mordomias da sua côrte
familiar. A maior prova disso são os resultados obtidos pelo PS no concelho de
Castro Daire em eleições de índole nacional. Nunca o PS foi capaz de ganhar, é
verdade, apesar de ter passado a ser o partido no poder ao nível municipal,
os resultados têm-se mantido muito fracos, sem qualquer melhoria, e entre os
piores resultados do distrito.
Nas últimas eleições legislativas o PS só ganhou 2 das 16
freguesias do concelho, e freguesias onde o PS historicamente sempre obteve
melhores resultados, sociologicamente mais favoráveis, e onde já se havia ganho
na era pré-carneiro.
Nestas eleições foi possível, mais uma vez, confirmar a importância
de Castro Daire no PS Viseu, pois ninguém de Castro Daire integrou a lista pelo
distrito de Viseu, nem” Carneiristas ou ex-PSD’s”, nem dos não “Carneiristas”
ou originalmente Socialistas. Demonstra mais uma vez que o PS Viseu se está a
borrifar para o PS Castro Daire, pois deles apenas precisa de vitórias autárquicas
para melhorar compor o ramalhete a apresentar em Lisboa.
Ora urge reflectir sobre as razões que levam o mesmo
eleitorado a dar vitórias autárquicas, quer na Camara Municipal ou Assembleia
Municipal, quer na maioria das juntas de freguesia, e depois em legislativas,
presidenciais ou europeias dar derrotas esmagadoras. Na minha opinião é claro
que o eleitorado Castrense é tendencialmente de direita e com raízes assentes
no anterior regime, e que apenas vota PS nas autárquicas porque, para além do PSD
não ter tido uma alternativa capaz, os candidatos e líderes do PS apenas se
empenham nas eleições que lhes podem trazer proveitos pessoais. Questiono-me
mesmo se quem lidera o PS Castro Daire e algumas juntas de freguesia vota PS
nas eleições de índole nacional. Estas pessoas apresentam orgulho em serem os únicos
capazes de ganhar eleições para o PS, e necessitam de sustentar o seu enorme
ego. Só andam na politica por interesse próprio, e com objectivos claros de se
sustentarem e ás suas famílias. Veja-se o exemplo claro da filha do presidente da
Camara, será que no seu próprio partido, no PS Castro Daire, no grupo mais
restrito de socialistas que o apoia em campanha, não existia ninguém capaz de
ser da confiança política do presidente para poder integrar o seu gabinete?
Veja-se os casos conhecidos de recrutamento para a trabalhar na Câmara Municipal,
muitos do círculo familiar de alguns vereadores. Este grupo de interesses, que inclui
o executivo camarário e alguns líderes das freguesias, nada se preocupam dos resultados
do PS, e nada fazem para que o partido se implemente no concelho, apenas querem
satisfazer os próprios interesses. Alguém os viu a fazer campanha pelo
concelho? Alguém os viu nas acções de campanha pelo distrito?
O apresentado acima assim como a purga feita no PS Castro
Daire, eliminando todos quantos têm capacidade de pensar por si mesmos,
humilhando militantes, excluído ex-candidatos autárquicos que durante muitos
anos tinham lutado contra a ditadura do PSD, são também fortes factores de desmobilização
e perca de valores do partido no concelho.
Lanço daqui um apelo aos Socialistas de Castro Daire,
militantes ou não, mas que se preocupam com o partido e com o concelho, para
que reflictam se é isto que pretendem para o futuro do PS, se ganhar eleições autárquicas
com a sigla do PS mas com gente do PSD e do CDS, pondo o partido e o concelho
ao serviço das famílias de alguns, é do interesse do PS e do concelho. Será que
vale a pena entregar o PS a pessoas que só se empenham quando nas eleições
estão em causa os seus interesses pessoais? Será que vale a pena alinhar no
clima de medo instalado, que humilha os seus próprios militantes, e que
valoriza mais quem vem de fora do partido? Será que vale a pena ganhar autárquicas
e nada fazer pelo partido? Será que valeu a pena andar mais de 30 anos a
combater a ditadura do PSD para agora termos a ditadura do Carneiro?
Os resultados destas eleições devem também fazer reflectir quem
lidera o PS Viseu, que promoveu uma liderança concelhia ilegal, ao arrepio dos estatutos,
a troco de apoio para a conquista da distrital. Devem reflectir se vale a pena
vender o PS, os seus valores, a implementação e promoção do partido no
concelho, e os resultados eleitorais de índole nacional a quem apenas pode dar
uma vitória autárquica de validade curta. Devem pensar nos danos que esta gente
vai causar no PS, nos militantes que se perderam para o PSD, para o CDS e
naqueles que se podem perder para o BE, e no que vai acontecer quando esta
gente deixar o PS. Devem ter a noção que estas vitórias autárquicas são
temporárias, que não são baseadas na implementação do PS, mas sim numa única pessoa,
que quando não se puder candidatar o PS irá para a derrota certa durante muitos
anos, pois nada dos valores do PS ficou implementado ou consolidado.
Os resultados das ultimas eleições legislativas devem ter consequências no PS,
quer nas concelhias, quer na distrital. Caso não aconteça, teremos a mesma
desilusão nas eleições presidenciais que se aproximam.