04-10-2011 16:16
Fonte: Agência Lusa
Vila Nova de Paiva, 04 out (Lusa) -
Seis centenas de pessoas pediram às câmaras e assembleias municipais dos nove municípios do Vale do Paiva que adotem "medidas urgentes e eficazes" para acabar com a poluição no rio, anunciou hoje a associação SOS Rio Paiva.
Numa carta que subscreveram, e que foi também enviada para a Administração da Região Hidrográfica do Norte, reclamam que o Paiva "volte a ser o rio mais limpo da Europa" e tentam sensibilizar para a necessidade de serem eliminados "os focos de poluição que estão nos últimos anos" a contaminá-lo ou aos seus afluentes.
"Queremos pressionar para que façam alguma coisa, porque o problema é muito grave e, até agora, só a câmara de Arouca mostrou preocupação", disse à agência Lusa Sérgio Caetano, da associação SOS Rio Paiva, que tem denunciado descargas poluentes no rio, nomeadamente originadas pelo mau funcionamento de Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR).
A associação considera que os casos de poluição, "além de estarem a destruir o habitat de várias espécies de fauna e flora raras", são "um gravíssimo atentado à saúde pública", uma vez que a água é utilizada na irrigação de campos agrícolas, serve para abastecer milhares de pessoas e também para a prática de desportos de aventura.
O Paiva tem 108 quilómetros de extensão, percorrendo os concelhos de Moimenta da Beira, Sernancelhe, Sátão, Vila Nova de Paiva, Castro Daire, São Pedro do Sul, Arouca, Cinfães e Castelo de Paiva.
Na opinião de Sérgio Caetano, o "ponto de partida" para a resolução do problema é as câmaras e assembleias municipais assumirem que ele existe, o que não tem acontecido.
"As câmaras de Castro Daire e de Vila Nova de Paiva, que são responsáveis por descargas, dizem que está tudo bem, contrariando até a GNR. Outras nada dizem, o que é um bocado estranho", lamentou.
A SOS Rio Paiva alertou durante o verão para problemas com as ETAR de Castro Daire e de Vila Nova de Paiva.
O presidente da Câmara de Castro Daire, Fernando Carneiro, explicou na altura que a ETAR "tem cerca de 30 anos de existência, sendo por isso natural que, de há uns anos a esta parte, não cumpra na totalidade os requisitos de descarga legalmente exigidos".
No entanto, assegurou que "são realizadas análises mensais ao efluente" e prometeu realizar obras de requalificação do leito percolador, para que a ETAR se torne mais eficiente e consiga "resultados satisfatórios em todos os parâmetros analisados".
No que respeita a Vila Nova de Paiva, o presidente da autarquia, José Morgado, admitiu em agosto ter ocorrido um "pequeno incidente" relacionado com a "lavagem de um tanque de tratamento secundário" da ETAR.
No entanto, considerou que estava a ser feita uma "tempestade num copo de água" sobre o assunto, porque a monitorização do rio é feita com regularidade e as análises revelam a qualidade da água "dentro dos parâmetros consentidos".
AMF.
Lusa/fim
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