quarta-feira, abril 29, 2015

Sobre a poluição do Rio Paiva

Há vários anos que se têm acentuado as descargas no rio Paiva, existem enumeros focos de poluição continua, como por exemplo as ETAR´s associadas ao saneamento básico, e outros focos de emissão pontual, como por exemplo pedreiras, aviários, lagares. As descargas continuas podem ter um impacto duradouro e de dano ao longo do tempo, as pontuais têm um impacto imediato, e de percepção fácil pelas populações. As ultimas descargas foram pontuais e bem perceptíveis por muita gente ao longo do rio Paiva. Muitos foram os relatos, e com eles foi possível estabelecer conclusões. As descargas foram a montante das ETAR's de Castro Daire, nomeadamente as de Parada, Arinho, Vale de Matos, Ponte Pedrinha, logo tudo indica que não foram estas a origem da poluição. 

Foi relatado em vários locais do rio Paiva, a presença de poluição na água, dada a sua cor fortemente verde, designadamente em Castro Daire, Ester, Cabril, Alvarenga e Castelo de Paiva, assim como no rio Paivô. A primeira descarga ocorreu de Segunda-feira, dia 6, havendo relatos de populares que detectaram a cor da água verde, no dia 6 em Castro Daire no rio Paivô junto ao tunél da A24, afluente do rio Paiva, no dia 7 em Ester, Cabril e Alvarenga, e dia 8 na Ponte da Bateira em Castelo de Paiva. A segunda descarga foi na Terça ou Quarta-feira dias 14 e 15 de Abril. 

A bacia do rio Paivô tem uma dimensão reduzida, com pouca densidade populacional, e com poucas infraestruturas capazes de produzirem emissões liquidas de dimensão suficiente para contaminar um rio como o Paiva. Aquilo que salta a vista desarmada nesta área territorial é a zona industrial da Ouvida, em Castro Daire, que possui varias empresas, a maioria pouco poluente, mas que no seu conjunto já atinge níveis significativos. Nesta zona industrial não existe uma rede de saneamento capaz, e aquilo que existe esta ao abandono, e com descargas a céu aberto e de forma continua como é possível verificar nas fotos abaixo. Associado à zona industrial existe uma pedreira, com lavagem de areias, e uma unidade de produção de betuminoso. Esta unidade, que pela sua dimensão e pelas suas características, foi alvo de estudo de impacto ambiental aquando da sua implementação. Deste estudo é possível verificar que lhe são impostas várias medidas de contenção e minimização do impacto no meio ambiente.


MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO
1. Decapagem da camada superficial de solo numa espessura média de 0,20m em todas as zonas sujeitas a exploração.
2. Construção de uma bacia de retenção de óleos (virgens e usados) e posterior encaminhamento para empresas devidamente licenciadas.
3. Correcto acondicionamento das sucatas, em locais devidamente impermeabilizados, e posterior encaminhamento para empresa licenciada para o devido tratamento.
4. Instalação de um sistema de drenagem superficial periférico.
5. Construção de uma rede de drenagem no interior da pedreira que conduza todas as águas para o sistema de decantação.
6. Utilização de espécies autóctones na revegetação dos ecossistemas afectados.
7. Promoção de acções de sensibilização ambiental, junto do pessoal da pedreira.
8. Utilização de equipamentos e técnicas de controlo de poeiras na fonte.
9. Manutenção e reforço do ecrã arbóreo, em todo o perímetro da pedreira, em particular a NW junto à zona industrial.
10. Manutenção preventiva dos equipamentos.
11. Aspersão das vias de circulação (sobretudo nos dias secos e ventosos) e manutenção dos acessos interiores não pavimentados.
12. Redução, ao mínimo indispensável, das operações de taqueio com explosivos e, sempre que possível, utilização de equipamentos de perfuração dotados de recolha automática de poeiras ou, em alternativa, de injecção de água.
13. Preservação da vegetação existente nas zonas não afectadas pela exploração.
14. Sementeira e plantação com espécies adequadas nas zonas não activas das escombreiras.
15. Controle do peso bruto dos veículos pesados.
16. Divulgação de informação, de forma adequada, à população local, sobre o projecto.
17. Privilegiar os recursos humanos da região, através da contratação de mão-de-obra local.
18. Acompanhamento arqueológico da decapagem das terras superficiais, em áreas a intervencionar. Deverá, neste âmbito, proceder-se a uma prospecção da área Norte da pedreira junto ao caminho para tentar relocalizar o monumento megalítico e proceder à sua vedação, para evitar que pessoal e maquinaria afectos à obra circulem na sua imediação provocando danos.
19. Implementar sinalização da pedreira capaz de a identificar em todos os períodos do dia.


PLANOS DE MONITORIZAÇÃO
1) QUALIDADE DA ÁGUA Locais: fundo da pedreira, lagoa do Lobo, bacia de decantação e Rio Paivô. Periodicidade: anual, entre Março e Maio
2) POEIRAS (PM10)
3) RUÍDO
4) IMPLEMENTAÇÃO DAS MEDIDAS DE RECUPERAÇÃO PAISAGÍSTICA
5) VIBRAÇÕES



Fiquem com as imagens (que por mero acaso me chegaram...) e tirem as vossas conclusões.